Aborto recorrente: Como a reprodução humana pode auxiliar nesses casos?

Lidar com um aborto nunca é fácil. O vazio é inevitável, mas o sonho de ser mãe não deve ser deixado de lado! Encarar as inseguranças e angústias após a perda gestacional não é um processo simples porém, na maioria dos casos, é possível engravidar novamente e ter um filho em seus braços. A experiência é ainda mais frustrante quando ocorrem três ou mais abortos espontâneos sucessivos, conhecidos como abortos recorrentes (AR) ou aborto de repetição. Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), as chances de novo aborto chega a 40% após três perdas sucessivas. Desistir do sonho de ter um filho por medo de um novo aborto é um sentimento comum entre os casais, porém, para tentar diminuir os riscos de um novo aborto é possível iniciar uma investigação das prováveis causas. A literatura médica tradicional indica procurar ajuda médica depois de três abortos consecutivos. Mas imagina passar por esse pesar três vezes seguidas?! É difícil para a mãe, para o pai, para os avós... Envolve a família toda. Por isso hoje, na medicina reprodutiva, existe uma tendência de iniciar uma investigação logo depois do segundo abortamento. O primeiro passo é avaliar a saúde, estilo de vida e solicitar exames do casal. É importante coletar informações sobre a história desses abortamentos... Ocorreu em qual etapa da gestação? O embrião foi visto? Foi ouvido batimento cardíaco? Foram dois abortamentos parecidos ou um foi bem diferente do outro? Tudo isso importa. Causas e tratamento A causa não é descoberta em aproximadamente 50% dos casos, mas as principais são:
  • Alterações cromossômicas no embrião ou nos pais. Caso isso se confirme, é recomendado realizar a Fertilização in Vitro e pesquisar por alterações no embrião através do exame de PGT-a.
  • Alterações anatômicas, como: Malformações uterinas, pólipos, miomas submucosos ou que interferem no endométrio (camada interna do útero onde o embrião se implanta). Geralmente a cirurgia é indicada para a resolução do problema.
  • Alterações endócrinas como a insuficiência de corpo lúteo e o hipotireoidismo. O tratamento se dá por meio do uso de medicamentos específicos.
  • Endometrite: Inflamação e infecção do endométrio causada por bactérias. O tratamento com antibióticos e probióticos é indicado.
  • Trombofilias adquiridas ou hereditárias: O uso de medicamentos específicos como Heparina de baixo peso molecular e ácido acetilsalicílico (AAS) está indicado.
  • Doenças imunológicas ou alterações imunológicas no endométrio que impedem a implantação adequada do embrião. Existem poucos estudos sobre o tema; ainda não existe padronização dos exames diagnósticos e não há consenso sobre o tratamento. Alguns estudos sugerem que o uso de corticoide, Intralipid ou imunoglobulina podem ser benéficos.
Se você já passou por isso, saiba que você não precisa sofrer só. Busque ajuda, permita-se ser confortada. Saiba que gravidez não é sinônimo de trauma, medo, ansiedade e sofrimento. Pelo contrário, ela ainda pode ser o momento mais lindo da sua vida!