Endometriose

Milhares de mulheres convivem com a doença sem saber. Descubra quais são os sinais e quando procurar ajuda

Por Dra Alessandra Bianchini Daud, CRM/TO 2479

Estamos no março amarelo, mês de conscientização da endometriose. Esse esforço mais intencional de espalharmos informação sobre a doença neste período é necessário por dois grandes motivos: O primeiro, muitas mulheres convivem com o problema sem saber. Segundo, mas ainda mais importante, a endometriose é uma das principais causas da infertilidade feminina.

Pode acontecer da doença ser assintomática ou apresentar sintomas sutis, que vão passando despercebidos ou são ignorados pela paciente. Em (muitos) casos, existe um senso comum de que, para as mulheres, sentir dor é normal. O mal-estar é atribuído ao período menstrual, às mudanças hormonais... A dor durante o sexo ainda é tratada como tabu... E elas acabam recorrendo a analgésicos e levando o problema como se não fosse nada demais.

Inclusive, um dos motes da campanha do Março Amarelo é: Nem toda cólica é normal. Sentir dores incapacitantes, que te impeçam de realizar atividades do seu cotidiano, que te obriguem a tomar medicações por vários dias consecutivos para aguentar a dor... Não é normal. Sentir dores durante a relação sexual, também não.

Aprenda a reconhecer os sintomas da endometriose

A cólica é um dos sintomas mais comuns. Ela tende a ser forte, pode durar vários dias, e pode piorar com o passar do tempo. Mas existem vários outros sinais:

- Dor na relação sexual;

- Dor ao urinar ou evacuar;

- Alteração do hábito intestinal – especialmente durante a menstruação;

- Fadiga;

- Sangramento menstrual intenso ou irregular;

- Dificuldade para engravidar.

O que causa a endometriose?

Endométrio é uma camada que reveste a parte interna do útero. Ao longo do mês, essa camada se modifica. Às vezes está mais espessa (no período fértil da mulher, se preparando para receber o embrião). Outras vezes, mais fina. E, no período menstrual, quando a mulher não engravida, essa camada descama e é eliminada na menstruação. Tudo isso é um mecanismo normal no organismo feminino.

A endometriose, por sua vez, acontece quando essas células endometriais escapam e se implantam fora da cavidade uterina, causando um processo inflamatório. E é esse processo inflamatório o culpado por todos aqueles sintomas desagradáveis.

Uma das teorias mais difundidas é que isso ocorra por conta da menstruação retrógrada (que é quando o sangue sai de dentro da cavidade do útero, passa pelas trompas e cai na cavidade pélvica se implantando em diferentes lugares).

Mas ainda não está totalmente esclarecido o que faz algumas mulheres desenvolverem essa condição, e outras não.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito através do histórico da paciente, aliado a exames de imagem como o ultrassom transvaginal com preparo intestinal, ressonância magnética e laparoscopia. O método utilizado vai depender da indicação médica para cada caso.

Tratamento

O tratamento da endometriose também não é padrão para todas as pacientes. Alguns casos podem responder bem a medicação. Outros, tem indicação cirúrgica a fim de remover os focos de endometriose nos órgãos afetados.

Fatores como a idade da mulher, o grau da doença, o quanto os sintomas impactam em sua qualidade de vida e o desejo dessa paciente de ter filhos ajudarão a definir o curso de tratamento.

Em todos os casos, são recomendadas mudanças de hábitos e de estilo de vida. Fazer exercícios físicos e manter uma alimentação saudável e balanceada pode ajudar a manter a doença controlada. Alimentos industrializados, frituras, açúcar e carboidratos refinados devem ser evitados, porque podem piorar os processos inflamatórios do organismo.

Como a endometriose pode levar a infertilidade:

A endometriose pode prejudicar a fertilidade feminina de diversas maneiras. A começar, pela dor que interfere na relação sexual e afetiva, levando muitas mulheres a deixarem de sentir desejo.

Em outros casos, as tubas uterinas – estrutura por onde o óvulo se locomove para sair do ovário e chegar ao útero, e onde acontece a fecundação – podem ficar obstruídas, impedindo o mecanismo da concepção. Também podem acontecer bloqueios que impedem a passagem dos espermatozoides.

Por fim, a doença pode comprometer a reserva ovariana, diminuindo a quantidade de óvulos.

Posso engravidar com endometriose?

Pode ser desafiador, mas não é impossível. Em alguns casos, a paciente pode até mesmo engravidar naturalmente. Em outros, será necessária a ajuda de tratamentos de reprodução assistida, como a FIV (Fertilização in Vitro). O importante é você saber que existem opções e que não precisa desistir do sonho da maternidade.

Agora, um recado importante: Caso você tenha se identificado com os sintomas ou se está sentindo dificuldade para engravidar, não deixe de procurar ajuda médica. Não apenas para preservar ou recuperar a sua fertilidade mas, principalmente, para recuperar a sua qualidade de vida. Você não precisa conviver com a dor.

Fontes:

Gerare Reprodução Humana

SBRA – Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida

CFM – Conselho Federal de Medicina