Ovodoação

A doação de óvulos é o tratamento de reprodução assistida indicado para mulheres que, por algum motivo, não possuem os ovários ou estes não são funcionantes ou capazes de produzir óvulos de boa qualidade. As indicações para esse tipo de tratamento são: menopausa, menopausa precoce, mulheres que nasceram com ovários não funcionantes, quimioterapia ou radioterapia, retirada dos ovários por cirurgia, idade materna avançada, mulheres com doenças genéticas ou falhas repetidas de fertilização in vitro. A dificuldade em conseguir doação de óvulos, aliada à realidade em nosso país de um grande número de mulheres carentes de recursos financeiros para realizar um tratamento de FIV, fez surgir a ideia da doação compartilhada. A doação compartilhada é uma opção oferecida para mulheres que tem indicação de tratamento de reprodução assistida com seus próprios óvulos, mas que não têm condições de custeá-lo. Pode até ser uma opção para aquelas pacientes que querem preservar a fertilidade e não têm condições financeiras para congelar óvulos. Nesses casos, a paciente concorda em ceder parte de seus óvulos coletados para outra mulher (receptora) que não produz óvulos e esta, por sua vez, oferece um auxílio para pagar parte do procedimento de Fertilização in Vitro da doadora; o valor deste auxílio não é estabelecido por lei. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina estipulou algumas Normas Éticas para esse tipo de tratamento (Resolução CFM nº 2.121/2015)
  • A doação de óvulos é realizada de forma anônima (as receptoras não podem conhecer a identidade da doadora dos óvulos e vice-versa)
  • Não pode haver caráter comercial ou lucrativo.
  • A seleção das pacientes doadoras é de responsabilidade da clínica. As pacientes que irão doar os seus óvulos têm que ter idade inferior a 35 anos, serem saudáveis, não apresentarem nenhuma história de doença genética e terem exames infecciosos negativos. Os casais (doadores e receptores) serão pareados de acordo com as características físicas e o tipo sanguíneo.
Etapas do tratamento
  • O casal candidato passa inicialmente por avaliação da equipe para certificação de que estão emocionalmente prontos para o processo
  • Se a paciente receptora tem mais de 40 anos, são solicitados exames gerais de saúde, além de avaliação cardiológica para certificação da saúde geral da paciente e eliminação de contraindicações médicas ao processo.
  • É feita a seleção de doadora compatível pela equipe médica, buscando a maior proximidade fenotípica (características físicas) entre doadora e receptora, entre elas a cor dos olhos, do cabelo, da pele além da compatibilidade de grupo sanguíneo (doadora- casal receptor)
  • Definindo a doadora, é iniciada a indução da ovulação para fertilização in vitro
  • Os óvulos obtidos são divididos entre a receptora e a doadora e fertilizados com o sêmen do parceiro de cada paciente
  • Os embriões formados ficam em meio de cultivo de 2 a 5 dias até a transferência
  • O exame de gravidez é realizado após 12 dias da data da transferência dos embriões
DÚVIDAS FREQUENTES
  1. A doadora de óvulos pode ser uma irmã, parente ou conhecida? Não. A doação é obrigatoriamente anônima.
  1. E se a criança precisar de um transplante no futuro? Ela vai descobrir que não sou a mãe biológica dela? Não há nenhuma razão para que seja feito exame de DNA em caso de algum transplante. Mesmo em famílias biológicas a chance de mãe ou irmãos serem compatíveis com quem receberá o transplante gira em torno de 50%. Em famílias biológicas numerosas muitas vezes não há um possível doador compatível.
  2. E se a doadora for portadora de uma doença transmissível geneticamente? Pesquisas rigorosas de antecedentes pessoais e familiares, hábitos de vida e vícios são realizadas em todas as pacientes dispostas a serem doadoras. Só são aceitas aquelas que não apresentam nenhuma doença hereditária ou característica de caráter transmissível (mesmo nos antecedentes).
  1. Se o óvulo é de outra mulher (doadora) isso significa que os genes desta criança não são da mãe receptora (mulher vai gerar o bebê)? Exatamente. Os cromossomos deste bebê serão metade do marido da mulher receptora e metade dos cromossomos da mulher doadora
  2. A receptora pode conhecer a mulher doadora?  Não, de forma alguma. No Brasil a ovodoação é um tratamento considerado ético, mas a doadora não poderá ser conhecida pelo casal. Muitos casais gostariam de ter os óvulos de alguém da sua própria família com a finalidade de manter a herança genética familiar, mas isto não é possível. É obrigatório o anonimato. É importante esse conhecimento pelo casal que vai receber óvulos doados para ter consciência que quem doou os óvulos jamais terá algum direito sobre seu filho 
  1. Até que idade uma mulher pode ter filhos com óvulos doados? Não existe uma lei que determine a idade máxima. Mas, existe um consenso que 55 anos deva ser uma idade máxima. É evidente que algumas clínicas aceitam fazer tratamentos deste tipo em mulheres com mais idade, mas são poucas. Algumas vezes ouvem-se notícias que mulheres entre 60 e 70 anos deram a luz. Este fato é tão raro que é noticiado pelos meios de comunicação no mundo.
 
  1. Existe algum fundamento neste limite de idade? Acredita-se que muitas mulheres após esta idade terão problemas clínicos importantes durante a gestação (diabetes, hipertensão etc.) que podem colocar a própria vida da gestante em risco.
 
  1. Como ocorre o processo de fertilização entre uma doadora e uma receptora? O processo é de uma Fertilização In Vitro. A doadora deverá passar por um processo de indução da ovulação. Quando os óvulos da doadora forem aspirados, parte deles será encaminhada para a receptora sendo fertilizados com o sêmen do marido dela e parte ficará com a doadora, sendo fertilizados com o sêmen do próprio marido.  Paralelamente a receptora recebe hormônios que preparam o endométrio para receber seus embriões.
  1. Quem são as mulheres que podem doar óvulos? As doadoras devem ter as seguintes características:
  • Menos do que 35 anos de idade
  • Histórico negativo de doenças genéticas transmissíveis
  • Teste negativo para doenças infecciosas sexualmente transmissíveis (hepatite, sífilis, Aids etc.)
  • Tipagem sanguínea compatível com a receptora
  • Terem indicação para tratamento de reprodução assistida seja para tratamento de infertilidade ou para preservação da fertilidade