Principais mitos sobre a reprodução humana

Informações importantes (e verdadeiras) sobre os tratamentos para engravidar

Por Dra Alessandra Bianchini Daud, CRM/TO 2479

As informações sobre a reprodução assistida não costumam aparecer rotineiramente em nossas conversas – a não ser que você seja dessa área da saúde ou que sentiu necessidade de procurar ajuda para engravidar. E, se você chegou nessa conversa como paciente, é muito comum que se sinta perdida com tanta informação nova (e divergente)! Basta anunciar que você vai realizar um tratamento de reprodução assistida para receber todo o tipo de opinião – o que pode ser confuso e frustrante.

Por aqui, defendemos que informação (de procedência confiável) é poder! Entender todos os aspectos do tratamento que você irá fazer vai te ajudar a ter uma experiencia mais tranquila, confortável e segura. Por isso, vamos desmistificar alguns mitos sobre a reprodução assistida.

Mitos sobre a reprodução assistida

Mito 1 – A reprodução humana sempre resulta em gêmeos ou múltiplos bebês.

Realidade: As novas tecnologias permitem que as gestações sejam mais “controladas”. Na Fertilização in Vitro (FIV), por exemplo, é possível transferir apenas um embrião em cada tentativa de engravidar, gerando apenas um bebê. Aliás, essa é a opção mais indicada por motivos de segurança para a mãe e o bebê, já que gestações gemelares automaticamente se enquadram em gestações de risco.

Mito 2 – A Fertilização in Vitro (FIV) resulta em bebês geneticamente modificados.

Realidade: A técnica utilizada na FIV apenas simula o ambiente de fecundação entre o óvulo e o espermatozoide para que, depois de formado, o embrião seja transferido para o útero materno. Não há nenhuma intervenção genética neste procedimento.

Mito 3 – A FIV é muito cara.

Realidade: Os preços variam em cada clínica e região do Brasil. Mas o importante é que, a maioria delas, oferece condições que facilitam o pagamento. Além disso, alguns planos de saúde cobrem os custos totais ou ao menos parte deles (de acordo com o tratamento indicado).

Mito 4 – Seria melhor adotar do que investir em um tratamento para engravidar.

Realidade: Tanto a adoção quanto os tratamentos de reprodução assistida são processos complexos. Trata-se de uma escolha muito particular, que envolve um misto de sentimentos, desejos, sonhos... Nem um, nem outro, devem ser menosprezados. É preciso respeitar a escolha de cada família.

Mito 5 – A reprodução assistida garante o sucesso.

Realidade: A reprodução assistida aumenta muito as chances de engravidar. Principalmente para os casais com quadros de infertilidade que realmente não poderiam engravidar de forma natural. (Por exemplo, pacientes com laqueadura que desejam engravidar novamente, ou mulheres que necessitam de um óvulo doado). Porém, nenhum tratamento pode garantir 100% de sucesso. Durante as consultas iniciais, os especialistas em reprodução humana podem oferecer uma estimativa de quais são as chances de engravidar – isso baseado em informações individualizadas dos pacientes, como idade, avaliação clínica e dados apresentados nos exames laboratoriais.

Mito 6 – A reprodução assistida só é indicada para casais mais velhos.

Realidade: A ajuda médica é indicada para casais de qualquer idade que tenham dificuldade para engravidar (leia-se: Um ano de tentativas sem sucesso). Aliás, para os casos de preservação da fertilidade (congelamento de óvulos) o ideal é que a paciente o faça jovem, até os 35 anos.

Mito 7 – A reprodução assistida é o último recurso para engravidar.

Realidade: A princípio, a reprodução assistida é indicada para casais que tentam engravidar, sem sucesso, por um ano. Mas nada impede que esse casal procure ajuda antes, seja para fazer um check up, seja para avaliar suas opções de tratamento para engravidar. Além disso, outras circunstâncias podem sugerir que casais procurem ajuda logo: Ter sofrido abortos de repetição ou ter sido diagnosticado com algum tipo de doença que possa comprometer a fertilidade são exemplos.

Mito 8 – A reprodução humana é apenas para mulheres.

Realidade: Aqui na Clínica Gerare, sempre encorajamos que desde a consulta inicial se faça presente o casal. (Exceto nos casos de reprodução independente, é claro). Sempre que um casal apresenta problemas para engravidar, é essencial que ambos sejam avaliados para identificar a origem do fator de infertilidade.

Mito 9 – Os tratamentos de reprodução assistida são sempre dolorosos e sofridos.

Realidade: Alguns tratamentos de reprodução assistida, especialmente os que envolvem medicações a base de hormônios, podem ocasionar alguns efeitos colaterais. Entre eles: Seios sensíveis, desconforto abdominal, oscilações de humor etc. Esses efeitos podem ser sentidos em menor ou maior escala de uma forma muito particular, que varia em cada paciente. Algumas ficam mais sensíveis, outras praticamente não sentem nada. Mas é importante ressaltar que, em ambos os casos, não é nada insuportável, e existem métodos para aliviar os sintomas.

Mito 10 – A FIV é antinatural.

Realidade: A Fertilização in Vitro apenas simula os meios naturais para a fecundação acontecer em laboratório. Não há manipulação dos óvulos, nem dos espermatozoides. Os embriões formados são os mesmos que se formariam na trompa da mulher. Apenas damos uma ajudinha para a natureza nos casos em que não é possível ou há dificuldade para que esse processo aconteça naturalmente.

Mito 11 – Se falhar a primeira tentativa, é melhor desistir.

Realidade: Muitos casais precisam realizar mais do que uma tentativa para conseguir engravidar. Estatisticamente falando, no caso da FIV, por exemplo, as chances aumentam gradativamente a cada nova tentativa.

Mito 12 – A reprodução assistida é garantia de um bebê sem problemas de saúde.

Realidade: Como os tratamentos para engravidar apenas ajudam na concepção, sem alterar a genética dos bebês, não tem como prever ou evitar todo tipo de doença. O que é possível é, através da biopsia embrionária, detectar algumas mutações genéticas que indicam síndromes (inclusive algumas incompatíveis com a vida). Nesses casos, para evitar perdas gestacionais, são selecionados embriões saudáveis, sem alterações genéticas. Contudo, a mulher dará à luz a um bebê “normal”, que poderá adoecer como qualquer um de nós.

Mito 13 – É impossível engravidar naturalmente depois de fazer um tratamento de reprodução assistida.

Realidade: Um estudo realizado pela Universidade College London, na Inglaterra, revelou que cerca de 20% dos casais conseguem engravidar naturalmente depois de fazer um tratamento de reprodução assistida. Ainda não foi totalmente esclarecido o motivo disso acontecer. Mas existem algumas hipóteses que apontam que as alterações hormonais e físicas que acontecem na gravidez podem contribuir para o sucesso nas tentativas futuras. Além disso, pode haver do fator psicológico, já que a pressão para tentar engravidar reduz drasticamente depois do primeiro filho.

Mito 14 – A reprodução assistida só é indicada para casais.

Realidade: A reprodução assistida é indicada para casais, inclusive do mesmo sexo, e para pessoas solteiras que queiram engravidar solo.

Mito 15 – Na FIV, é possível escolher o sexo do bebê.

Realidade: Apesar de ser possível descobrir o sexo do bebê através da biópsia embrionária, a legislação brasileira não permite que os pais escolham o gênero da criança só por preferência. Há uma exceção para os casos em que seja necessário evitar a transmissão de uma doença genética determinada pelo sexo.

Você já ouviu outras declarações duvidosas sobre a reprodução assistida? Envie a sua dúvida pra gente.

Fontes:

Gerare Reprodução Humana

CFM – Conselho Federal de Medicina

SBRA – Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida