Quero ter gêmeos!

Saiba mais sobre as gestações gemelares nos tratamentos de reprodução assistida

Por Dra Alessandra Bianchini Daud, CRM/TO 2479

Já queremos começar esse post com uma informação importante que costuma gerar muita dúvida: Você não irá, necessariamente, gerar gêmeos ao realizar um tratamento para engravidar.

Esse mito surgiu porque, quando são realizados tratamento de baixa complexidade, como inseminação artificial e coito programado, algumas pacientes respondem melhor do que outras à medicação de indução da ovulação e desenvolvem mais do que um folículo, resultando em mais de um óvulo. Nesses casos, todos os óvulos liberados podem ser fecundados – aumentando as chances de gestações gemelares (ou trigemelares, quadrigemelares...). Atualmente existem medicações melhores, que controlam essa resposta. E no caso da paciente desenvolver mais do que um folículo, é conversado com ela a respeito da possibilidade de uma gestação múltipla e, em alguns casos, recomendado que aguarde o próximo ciclo para realizarmos o procedimento.

Além disso, antigamente, era usual transferir mais de um embrião para o útero mesmo na FIV (Fertilização in Vitro). Isso porque a tecnologia era diferente: o embrião era transferido no terceiro dia de desenvolvimento, e não no quinto, como hoje. Como cerca da metade dos embriões para de se desenvolver entre o terceiro e o quinto dia, as chances de sucesso de gravidez eram muito baixas transferindo apenas um embrião. Então, quando se formavam três ou quatro embriões (por exemplo), todos eles eram transferidos. Daí as estatísticas de gestação gemelar eram mesmo aumentadas. Mas as coisas mudaram. Hoje o embrião fica na incubadora por mais tempo e, observando os embriões até o quinto dia, ficamos com um número menor deles para transferir, as técnicas de congelamento e descongelamento são melhores... Podemos escolher transferir somente um com boas chances de dar certo. Tudo coopera para termos gestações mais previsíveis.

Decidi que quero ter gêmeos. O que preciso saber?

Sabemos que ter um casalzinho de gêmeos é um sonho para muitas famílias. E muitas das que descobrem um motivo de infertilidade pensam em ter logo dois bebês para evitar passar por um novo tratamento para engravidar, caso queiram ter mais de um filho. Mas, nem sempre o plano dá certo.

Primeiramente: Quando a paciente deseja gestar gêmeos, precisamos logo avisar que, ainda que sejam transferidos dois embriões, não há garantia de que ambos irão se desenvolver. Como falamos anteriormente, só damos uma forcinha para a natureza, mas é ela quem irá se encarregar do resto – considerando todas as suas complexidades.

Além disso, existem algumas limitações previstas por lei. Segundo o CFM (Conselho Federal de Medicina), pacientes de até 37 anos só podem transferir dois embriões em cada tentativa. A partir dos 37 anos, até três embriões. Logo, transferir vários embriões de uma vez para aumentar as chances de ter uma gestação gemelar, não é uma opção.

E tem mais: Apesar da possibilidade de transferirmos mais do que o um embrião para o útero, as sociedades americana, brasileira e europeia de Reprodução Assistida recomendam a transferência de apenas um embrião (por questões de segurança).

Riscos da gestação gemelar

Toda gestação de gêmeos é, automaticamente, considerada uma gestação de risco. Isso porque elas acarretam chances aumentadas da mamãe desenvolver pré-eclâmpsia, aumento da pressão arterial e diabetes gestacional, por exemplo.

Em alguns casos, essas gestações exigem um acompanhamento pré-natal especial – nem sempre disponível em todas as cidades ou em todos os convênios médicos.

Também é comum que gêmeos nasçam um pouco antes do previsto. Nesse caso, pode ser necessária uma UTI neonatal para acompanhar os prematuros.

Todas essas questões de saúde, logística, infraestrutura, atendimento médico, alta médica... precisam ser consideradas. Tudo para garantir a segurança e a saúde da mamãe e dos bebês.

Você deseja ter gêmeos? Converse a respeito com o médico especialista em reprodução assistida que acompanha o seu caso e tire as suas dúvidas.

Fontes:

Gerare Reprodução Humana

CFM – Conselho Federal de Medicina

SBRA – Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida